O que espera do mercado da advocacia para 2024?

João Caiado Guerreiro, Advogado e Sócio, foi convidado pelo Jornal Económico para participar no Fórum de Líderes e partilhar as suas perspetivas para a advocacia de negócios em 2024, um ano que deverá ser marcado por desafios a nível macroeconómico, mas também com oportunidades de crescimento.
Notícias 05/12/2023

Entre os vários tópicos que a Sociedade continuará a ter de colocar na agenda daqui para a frente, da digitalização até à sustentabilidade ou às novas regras dos estágios com a revisão de estatutos da Ordem, qual o mais desafiante? E qual será a principal novidade no vosso “plano de atividades” para 2024?

João Caiado Guerreiro – Penso que todos, seja na advocacia, seja numa outra atividade, temos de aprender a lidar com a Inteligência Artificial (IA). Na Caiado Guerreiro já estamos a utilizar a IA como ferramenta de trabalho com o intuito de melhorar os serviços que prestamos aos nossos clientes. No caso particular da advocacia, acredito que vai ser importante, mas ainda não há a real perceção se os benefícios serão maiores do que as desvantagens, sobretudo em termos de emprego. Se a IA evoluir ao ponto de produzir o que muitos jovens advogados produzem no início da sua carreira, o que acontecerá a esses empregos? Precisamos testar, analisar e perceber como utilizar a ferramenta.

Sobre a sustentabilidade há muito que temos vindo a adotar várias medidas nesse âmbito, é algo que ao contrário da IA não é tão novo. As regras dos novos estágios e revisão de estatutos da Ordem é um tema muito recente e é visto de duas formas distintas por muitos: por um lado o Governo fala numa “questão de decência” e de “combate à precaridade”. Por outro lado, haverá quem não possa pagar a um estagiário o valor do ordenado mínimo acrescido de 25%, inibindo muito a possibilidade de os jovens entrarem no mercado de trabalho.

Relativamente ao nosso plano de Atividades para o ano de 2024, nós, na Caiado Guerreiro, continuaremos a investir muito no que concerne à tecnologia, à IA, e à agilização de processos, com equipas multidisciplinares com grande enfoque nas nossas áreas de prática mais fortes e reconhecidas. Hoje, com a competitividade do mercado, é fulcral prestar um serviço de elevada qualidade e para isso é preciso investir sempre mais nas pessoas.

Questão: O que espera do mercado da advocacia para o próximo ano?

João Caiado Guerreiro – Penso que 2024 é um ano difícil de projetar: será eleito um novo Governo que tomará posse na melhor das hipóteses em abril. A guerra na Ucrânia que está para durar, o conflito Israel/Hamas na faixa de Gaza, e a estagnação económica na Zona Euro, são outros fatores imprevisíveis. A isto junta-se a inflação que se espera de 2.9% no próximo ano, as taxas de juro bastante elevadas, e todas as crises pelas quais estamos a passar em diversas áreas – saúde, educação, habitação. Tudo reunido é uma tempestade quase perfeita para as pessoas e empresas. Apesar de tudo isto, estou otimista de que Portugal pode voltar a crescer.

Historicamente as Sociedades de Advogados, em geral, demonstraram uma grande e surpreendente capacidade de se adaptar, de gerar negócio, com uma estoica superação em contextos mais difíceis. O passado mostrou-nos que com investimento estruturado em pessoas e na tecnologia, podemos manter os níveis de negócio e, com algumas novas ideias e projetos mais disruptivos, até aumentar.

Para isso, temos de fazer um importante ajuste na forma de pensar dos advogados, analisar de forma estruturada o que sempre fizemos bem e o que temos de incrementar. Uma atitude pró-ativa é essencial. Tanto como é fundamental aconselhar da melhor forma os nossos clientes e ajudá-los, dessa forma, a acrescentar valor.

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O conteúdo desta informação não constitui aconselhamento jurídico e não deve ser invocado nesse sentido. Aconselhamento específico deve ser procurado sobre as circunstâncias concretas do caso. Se tiver alguma dúvida sobre uma questão de direito Português, não hesite em contactar-nos.

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